sexta-feira, 20 de maio de 2022

Pálido Ponto Azul

 Saudações Pensantes!


Depois de muitos anos sem postar nada neste blog, retorno com uma nova história. Mas por que agora? 

Envolvi-me com tantas outras coisas, desde o momento em que me despedi deste espaço, que fica difícil enumerar. 

Visito o blog nesta noite de 18 de maio do ano de 2022 e me deparo com as consequências do abandono e da falta de manutenção. 

Vislumbro os comentários nas postagens e um sentimento de nostalgia vem a tona.

Mas o motivo que me levou até aqui chama-se "Pálido Ponto Azul - Uma Visão do Futuro da Humanidade no Espaço" - escrito pelo astrônomo e biólogo Carl Sagan.

Acabei de lê-lo e decide fazer uma pequena e humilde resenha com minhas considerações.

 


Publicado em 1994, 2 anos antes do falecimento de Sagan, o livro traça um histórico do programa espacial, sobretudo o norte-americano, do qual Carl esteve a frente desde os anos 50 do século passado.

Sagan foi um pioneiro no desenvolvimento de sondas robóticas para exploração do Sistema Solar, entre elas o projeto Mariner, que vislumbrou o planeta Vênus, o irmão mais próximo da nossa Terra.

Por meio do estudo de Vênus e da sua atmosfera rica em CO2, teve origem o arcabouço científico, que permitiu o estudo sobre o que conhecemos como aquecimento global, nos dias de hoje.

Sagan também contribui com o projeto da sonda Viking, que trouxe os primeiros vislumbres de  Marte, assim como das Voyager I e Voyager II, que nos fizeram conhecer sobre Júpiter, Saturno, Netuno e suas luas e por fim, a colaboração na sonda Galileu.

O título do Livro Pálido Ponto Azul é devido a uma sequência de fotos tirada pela Voyager, nos confins do sistema solar (6 bilhões de km. da Terra) em que o nosso Planeta aparece ao fundo de um céu preto, como um pequenino ponto azul insignificante, onde Carl encontrou um significado filosófico para a nossa existência como espécie, e de quão frágil e impotentes somos diante da imensidão do cosmo.

    Pálido Ponto Azul (foto Voyager I - 6 bilhões de km. da Terra) 

Além de traçar um histórico sobre a exploração espacial, Carl dá detalhes sobre os projetos, seus objetivos, os problemas que as equipes tiveram que enfrentar para manter as sondas funcionando, utilizando recursos de engenharia, astrofísica, astronomia, química e toda "salada de frutas científica" necessária para buscar entender como funcionam os planetas, luas e asteroides na missão das sondas.

Carl relata também sua participação na expansão do programa SETI, para busca de vida extraterrestre, embora fosse um cético quanto ao fenômeno OVNI, buscando sempre uma interpretação científica dos fenômenos.

O desejo de Sagan em fazer contato com alguma civilização alienígena foi parte importante de sua vida como pesquisador, seja pelo programa SETI, onde citava a equação de Drake como elemento central para mensuração de possíveis civilizações extraterrestres; como também por meio do programa Voyager, onde inseriu um disco de ouro contendo todas informações sobre nosso planeta e a vida humana (passíveis de serem interpretadas por qualquer ente inteligente que encontrasse a sonda):

 . Localização da Terra no  sistema solar;

 . Localização da Terra na galáxia;

 . Informações sobre a espécie humana, incluindo gravuras de um macho e uma fêmea;

 . Músicas gravadas, desde as eruditas, como Beethoven, Mozart, até Beatles;

 . Informações científicas, matemáticas, culturais, etc.

Esse desejo de contatar outras civilizações era o objetivo final da sonda Voyager, que foi projetada para deixar o sistema solar, transpondo a nuvem de cometas Oort e alcançando o espaço intersideral em direção a outra estrela, e quem sabe, ser encontrada num futuro distante.

O ponto alto do livro que achei mais interessante, foram os capítulos finais, onde o autor vislumbra como seria o futuro da espécie humana no espaço.

Carl vê a exploração espacial não como um capricho ou uma excentricidade, como alguns defendem - considerando as tantas mazela do nosso planeta, despedaçado pela pobreza, doenças e guerras - mas crê que colonizar não apenas o sistema solar, o espaço intersideral e outras estrelas são a única garantia de perpetuação da espécie humana, frente um futuro de incertezas cósmicas, como a destruição por asteroides ou cometas - que já causaram extinções no passado da Terra - e certamente causarão no futuro.

Para Sagan, ocupar um único planeta, um único sistema solar, é uma sentença de morte. 

Sabemos o que já ocorreu no passado, temos ciência do bilhar cósmico, do fim do nosso sol no futuro, então o futuro da espécie humana está nas estrelas, segundo Carl.

Para ele ainda, o Homo sapiens possui uma natureza exploratória, a final antes de tornar-se uma espécie sedentária a cerca de 11 mil anos, éramos errantes na Terra, o que nos fez ocupar todos os continentes. Essa natureza é o que nos faz agora sair do nosso planeta rumo às estrelas.

Viver em asteroides???? Constituir colônias sob eles, controlando sua velocidade e direção, ou ainda ocupar luas e construir estações espaciais gigantescas entre estrelas, no chamado espaço intersideral - e não ficando a mercê da atividade estelar - isso é o que vislumbra Sagan.


A lição do "Pálido Ponto Azul" é uma lição de humildade que o universo nos passa, de quanto insignificantes somos diante da grandiosidade do cosmo, e de quão maravilhoso pode ser o futuro humano se tomarmos consciência de onde estamos, e para onde podemos ir, se nossos desejos pequenos de autodestruição coloquem um fim precoce no que conseguimos construir até agora.

O futuro está definitivamente nas estrelas.


Saudações!

 

Marcelo